segunda-feira

Ruy CINATTI ( 1915-1986 )

Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes nasceu em 1915 em Londres, tendo vindo ainda criança, para Portugal. Formou se no Instituto Superior de Agronomia, em Fitogeografia, (área em que publicou vários trabalhos científicos) e partiu para Inglaterra onde estudou Etnologia e Antropologia Social, em Oxford. Entre 1943 e 1945 desempenhou o cargo de meteorologista aeronáutico da Pan American Airways. Viajou pelo Mundo, tendo vivido alguns anos em Timor, onde exerceu o cargo de secretário de gabinete do governador de Timor, entre 1946 e 1948, e chefe dos serviços de Agricultura do governo de Timor, dedicando a este território vários estudos, na área da fitogeografia e da antropologia social, (alguns dos quais publicados pela Junta de Investigação do Ultramar, de que foi investigador). Em 1940, co dirigiu, com Tomás Kim e José Blanc de Portugal, na primeira série, e ! com Jorge de Sena, José Blanc de Portugal e José Augusto França, na segunda série, a publicação "Cadernos de Poesia", que sob o lema "Poesia é só uma", apresentava como objectivo "arquivar a actividade da poesia actual sem dependência de escolas ou grupos literários, estéticas ou doutrinas, fórmulas ou programas". Foi nas edições "Cadernos de Poesia" que publicou as suas primeiras obras poéticas: "Nós Não Somos deste Mundo", em 1941 e, no ano seguinte, "Anoitecendo a Vida Recomeça". Entre 1942 e 1943, fundou a revista "Aventura", tendo como redactores Eduardo Freitas da Costa, José Blanc de Portugal, Jorge de Sena e Manuel Braamcamp Sobral. Foi a partir de "O Livro do Nómada Meu Amigo", de 1958, que a presença dos territór! ios por onde viajou e sobretudo de Timor, se assumiria como "objecto em que se concretiza a aproximação do poeta consigo mesmo e com a vida humana dos outros". Devido ao seu trajecto profissional e a uma personalidade que recusou integrar qualquer tipo de grupos ideológicos ou literários, a poesia de Ruy Cinatti possui uma voz própria, sem comparação com qualquer outra experiência poética contemporânea, nascida de uma liberdade métrica e lexical total, que consegue integrar na obra poética materiais tradicionalmente não poéticos, com uma particular relação com espaços e populações, cuja fragilidade parece condená los a uma exterminação contra a qual o poeta tinha consciência de não poder lutar, mas que motivou composições de revolta e de grande intensidade emocional, como as de "Timor Amor" ! ou de "Paisagens Timorenses com Vultos". Foi galardoado com o Prémio Antero de Quental, pela obra "O Livro do Nómada Meu Amigo" e com o prémio Nacional de Poesia, por "Sete Septetos". Ruy Cinatti faleceu em Lisboa, em 1986.

Obras: "Nós Não Somos Deste Mundo", 1966; "Anoitecendo a Vida Recomeça", 1942; "Poemas Escolhidos", 1951; "O Livro do Nómada Meu Amigo", 1958; "Sete Septetos", 1967; "Crónica Cabo Verdeana", 1967; "Ossobó",1967; "O Tédio Recompensado", 1968; "Borda d'Alma", 1970; "Uma Sequência Timorense", 1970; "Memória Descritiva", 1971; "Conversa de Rotina", 1973; "Os Poemas do Itinerário Angolano", 1974; "Cravo Singular", 1974; "Timor Amor",1974; "Paisagens Timorenses com Vultos", 1974; "O A Fazer, Faz se", 1976; "Import Export", 1976; "Lembranças para S.Tomé e Príncipe" – 1972

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